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Economia brasileira em lenta retomada: setores que mais crescem no momento e oportunidades para novos investimentos

Economia brasileira em lenta retomada: setores que mais crescem no momento e oportunidades para novos investimentos

Economia brasileira em lenta retomada: setores que mais crescem no momento e oportunidades para novos investimentos

A economia brasileira passa por uma fase de retomada lenta, marcada por altos e baixos. O PIB cresceu 2,9% em 2023, segundo o IBGE, mas as projeções para 2024 e 2025 indicam um ritmo mais moderado, próximo de 2% ao ano, de acordo com o boletim Focus do Banco Central. Não é um boom, mas também está longe de um cenário de estagnação completa.

Para quem empreende, investe ou pensa em mudar de área, a pergunta é direta: em meio a uma recuperação gradual, onde estão, de fato, as melhores oportunidades?

Nos últimos meses, alguns setores vêm crescendo acima da média, puxando emprego, faturamento e novos negócios. Outros, mesmo sem crescer em ritmo acelerado, oferecem nichos interessantes para quem consegue se posicionar com eficiência de custos e foco em demanda reprimida.

Uma retomada desigual: por que alguns setores avançam mais que outros

Antes de olhar para as oportunidades, vale entender o cenário geral. A economia brasileira hoje é influenciada por três fatores principais:

O resultado é uma retomada heterogênea: enquanto alguns segmentos ligados a consumo de massa ainda caminham devagar, outros, conectados à inovação, serviços especializados e economia verde, mostram tração bem maior.

Serviços: o motor mais consistente da atividade

O setor de serviços representa mais de 70% do PIB brasileiro e vem sendo o principal responsável por evitar uma desaceleração mais forte. Dentro desse grande guarda-chuva, alguns segmentos se destacam.

1. Tecnologia da informação e serviços digitais

Mesmo após o ajuste das grandes empresas de tecnologia e o fim do ciclo mais eufórico de startups, a demanda por digitalização segue forte, especialmente entre pequenas e médias empresas.

Para investidores e empreendedores, a oportunidade não está apenas em “grandes unicórnios”, mas em negócios enxutos, com foco regional, que resolvam problemas concretos de empresas locais: reduzir custos, organizar processos, vender melhor.

2. Saúde e bem-estar

O envelhecimento da população, o aumento de doenças crônicas e a maior atenção à qualidade de vida fazem da saúde um dos setores de crescimento mais constante, mesmo em períodos de incerteza.

Dados da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) mostram aumento no número de beneficiários de planos de saúde nos últimos anos, especialmente em planos empresariais e coletivos, o que reforça a tendência de expansão dos serviços ligados à saúde.

3. Educação e capacitação profissional

A combinação de mercado de trabalho competitivo, avanço tecnológico e necessidade de requalificação constante impulsiona a demanda por cursos técnicos, profissionalizantes e de atualização.

Instituições que conseguem oferecer conteúdo relevante, certificado reconhecido e preço acessível têm boa margem para crescer, inclusive em cidades médias do interior.

Turismo e serviços locais: a retomada das viagens internas

Após o choque da pandemia, o turismo interno voltou a ganhar força, impulsionado por três elementos:

De acordo com dados do setor, destinos de natureza, cidades históricas e praias fora do eixo mais caro (como Rio de Janeiro e Fernando de Noronha) ganham espaço na preferência do viajante brasileiro.

Isso abre oportunidades em diferentes frentes:

Para o investidor, o ponto central é a localização: regiões com acesso rodoviário razoável, algum apelo natural ou cultural e ainda pouca oferta de serviços de qualidade tendem a oferecer melhor relação risco-retorno.

Agronegócio: menos euforia, mais profissionalização

O agronegócio foi um dos motores da economia brasileira entre 2020 e 2023, com safras recordes de grãos e forte demanda externa. Em 2024, o cenário se tornou mais complexo, com quedas de preços de algumas commodities e desafios climáticos em certas regiões.

Isso significa que o agronegócio deixou de ser atrativo? Não necessariamente. Mas a fase de crescimento “quase automático” dá lugar a um momento de seleção mais cuidadosa.

Os segmentos que seguem com boas perspectivas incluem:

Num cenário de margens pressionadas, produtores buscam reduzir perdas, melhorar produtividade e planejar melhor a comercialização. Empresas que ofereçam essas soluções tendem a crescer mesmo em contextos menos favoráveis de preços.

Energia e economia verde: uma transição em andamento

A transição energética não é tendência de curto prazo, mas processo de longo prazo que já impacta decisões de investimento no Brasil. O país tem uma matriz relativamente limpa, com forte participação de hidrelétricas, mas o crescimento recente vem principalmente de duas fontes:

Dados da Aneel e da Absolar indicam que a geração distribuída solar ultrapassou a marca de milhões de unidades consumidoras com sistemas próprios, tornando-se um dos segmentos mais dinâmicos da economia de energia.

Além da geração, surgem oportunidades em:

A pauta ESG (ambiental, social e governança) também influencia capital privado: fundos de investimento e grandes empresas priorizam projetos alinhados à sustentabilidade, gerando pipeline de oportunidades para negócios que se enquadram nesses critérios.

Construção civil e mercado imobiliário: nichos em recuperação

A construção civil sofreu com juros altos e crédito caro, mas começa a mostrar sinais mais claros de recuperação em determinados segmentos, especialmente com a expectativa de continuidade dos cortes na Selic e programas habitacionais ampliados.

Alguns nichos se destacam:

Nos materiais de construção, redes de varejo com boa gestão de estoque e foco em pequenas reformas residenciais também vêm se beneficiando de uma demanda mais pulverizada, ligada à melhoria gradual da renda e ao crédito consignado.

Economia digital, meios de pagamento e serviços financeiros

A digitalização dos serviços financeiros avança mesmo em cenários de crescimento econômico modesto. Pix, carteiras digitais, bancos digitais e plataformas de crédito mudaram a forma como brasileiros pagam, recebem e guardam dinheiro.

Os movimentos mais relevantes incluem:

Para investidores individuais, o ambiente de juros ainda relativamente altos mantém atrativa a renda fixa, principalmente em títulos indexados à inflação e pós-fixados. Ao mesmo tempo, a busca por diversificação leva parte do público a explorar fundos imobiliários, ações de setores resilientes e investimentos alternativos (como agro e energia).

Onde estão as principais oportunidades de investimento hoje?

Em uma economia em lenta retomada, o risco de apostar em “modas do momento” é grande. O que os dados recentes sugerem, porém, é que oportunidades mais consistentes tendem a aparecer em alguns eixos específicos.

1. Negócios que reduzem custos de terceiros

Em ambiente de juros altos e margens apertadas, empresas e famílias priorizam iniciativas que cortem gastos sem perder qualidade. Negócios com boa perspectiva incluem:

2. Serviços essenciais a preços acessíveis

Saúde, educação, alimentação e moradia são itens que não saem do orçamento, mesmo em tempos difíceis. O diferencial está na combinação de qualidade mínima com preço competitivo:

3. Interiorização de serviços de qualidade

Cidades de médio porte, muitas vezes, não contam com a mesma variedade de serviços presentes nas grandes capitais, mas possuem:

Franquias bem estruturadas, clínicas, redes de educação e serviços de tecnologia têm ampliado presença nesse tipo de município, aproveitando a combinação de demanda reprimida e menores custos fixos.

4. Investimentos produtivos aliados à renda passiva

Para o investidor pessoa física, uma estratégia recorrente tem sido combinar:

A escolha do portfólio depende do perfil de risco, mas, em cenário de retomada lenta, a diversificação por setor e prazo tende a ser tão importante quanto a busca por retornos elevados.

Riscos a considerar antes de investir ou empreender

O ambiente de oportunidades não elimina os riscos. Entre os principais pontos de atenção estão:

Para quem investe, isso significa evitar concentrações excessivas em um único setor ou tipo de ativo. Para quem empreende, reforça a importância de manter reservas de caixa, controlar endividamento e ter planos de contingência.

Como se posicionar na prática: passos para aproveitar a retomada

Em vez de buscar “o setor do momento”, o caminho mais prudente é combinar leitura de dados, análise local e planejamento.

A economia brasileira, hoje, não vive um ciclo de crescimento acelerado, mas um período de reorganização, com setores que sobem, estabilizam ou recuam em ritmos diferentes. Para quem observa com atenção, isso não é apenas um diagnóstico: é um mapa de onde estão, agora, os espaços mais promissores para novos investimentos e negócios.

Em um cenário assim, a vantagem competitiva deixa de ser a pressa e passa a ser a capacidade de interpretar sinais, escolher setores com fundamentos sólidos e construir, passo a passo, projetos sustentáveis no médio e no longo prazo.

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