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Destinos brasileiros pouco conhecidos que estão despontando no turismo nacional e surpreendendo viajantes

Destinos brasileiros pouco conhecidos que estão despontando no turismo nacional e surpreendendo viajantes

Destinos brasileiros pouco conhecidos que estão despontando no turismo nacional e surpreendendo viajantes

Quando se fala em viajar pelo Brasil, os mesmos nomes costumam aparecer: Rio de Janeiro, Salvador, Foz do Iguaçu, Gramado, Fortaleza, Bonito. Enquanto isso, uma série de cidades menores e regiões pouco conhecidas começa a receber mais visitantes, ganhar novas pousadas, rotas aéreas e espaço nas redes sociais.

Esses destinos não figuram nos rankings tradicionais de turismo, mas vêm chamando atenção por três fatores principais: melhor estrutura de hospedagem, mais divulgação digital e busca dos viajantes por lugares menos cheios e com melhor relação custo-benefício. A seguir, apresento alguns desses lugares que estão despontando no turismo nacional e surpreendendo quem aposta em sair do roteiro óbvio.

Por que tantos destinos “escondidos” estão ganhando força?

Antes de entrar nas sugestões, vale entender o movimento. Conversando com operadores de turismo e acompanhando relatórios de mercado, três tendências aparecem com frequência:

  • Brasileiros viajando mais dentro do país, em vez de ir ao exterior, por conta do câmbio ainda elevado.
  • Popularização das passagens aéreas promocionais para aeroportos regionais e uso maior de carros por aplicativos, ônibus e carros alugados em trajetos curtos.
  • Influência direta de redes sociais e blogs, que colocam no mapa praias, serras e vilas que antes eram conhecidas apenas regionalmente.
  • Além disso, muitos municípios perceberam no turismo uma alternativa de renda importante e passaram a investir, ainda que de forma gradual, em sinalização, eventos, melhorias em estradas e incentivos a pousadas e restaurantes.

    Com esse cenário em mente, vamos aos destinos que vêm chamando atenção em diferentes regiões do país.

    Capitólio (MG): o “mar” de Minas além das fotos de drone

    Capitólio já circula nas redes sociais há alguns anos, mas ainda é bem menos conhecido do que cidades clássicas de Minas, como Tiradentes ou Ouro Preto. Localizada às margens do Lago de Furnas, a cidade ganhou fama pelos cânions, mirantes e passeios de lancha em águas de cor esverdeada.

    O que vem mudando é a estrutura: surgiram mais pousadas de pequeno porte, opções de passeios organizados e rotas pela região, que inclui cachoeiras, trilhas e praias de água doce. Para quem sai de Belo Horizonte ou de Ribeirão Preto, o deslocamento de carro é relativamente simples, o que ajuda a atrair famílias e grupos de amigos.

    Alguns pontos que costumam surpreender viajantes de primeira viagem:

  • O passeio de lancha pelos cânions não é o único atrativo; fazendas, mirantes e cachoeiras particulares vêm se organizando para receber visitantes com melhor infraestrutura.
  • Os custos, fora de feriados e alta temporada, costumam ser mais baixos do que destinos “instagramáveis” do litoral.
  • A região tem clima agradável durante boa parte do ano, o que facilita planejar fora da alta estação.
  • Para aproveitar melhor, é recomendável reservar com antecedência em feriados prolongados, quando a procura aumenta bastante e o trânsito na região pode ficar intenso.

    Alter do Chão (PA): a Amazônia de água doce cada vez mais acessível

    Alter do Chão, distrito de Santarém, no Pará, é um dos casos mais emblemáticos de destino que saiu do anonimato nacional para virar referência em turismo de natureza. A chamada “Caribe amazônico” chama atenção pelas praias de rio de areia branca, trilhas em florestas e passeios em comunidades ribeirinhas.

    Um fator determinante foi o aumento de voos para Santarém e a maior divulgação do destino por viajantes independentes. Hoje, Alter aparece com frequência em listas de destinos amazônicos mais acessíveis para quem viaja por conta própria.

    Para quem está planejando uma viagem, alguns pontos práticos:

  • A melhor época para pegar as praias de rio é, em geral, entre agosto e dezembro, quando as águas baixam e as faixas de areia aparecem com força.
  • Os passeios de barco podem incluir visitas a florestas alagadas, comunidades locais e pontos de observação de fauna e flora.
  • Os custos de hospedagem variam bastante: há desde hostels simples até pousadas mais estruturadas, o que permite adaptar o orçamento.
  • Para além das fotos, muitos viajantes relatam como destaque o contato com guias e moradores locais, que ajudam a contextualizar a realidade amazônica em temas como preservação, impacto do turismo e mudanças climáticas.

    Jalapão (TO): de cenário de novela a rota consolidada de aventura

    O Jalapão, no Tocantins, é outro exemplo de destino que ganhou visibilidade recentemente, impulsionado por novelas, séries e campanhas publicitárias. Dunas, fervedouros, cachoeiras e paisagens de cerrado compõem o cenário que, até poucos anos atrás, era visitado por um volume muito menor de turistas.

    O acesso ainda exige planejamento: longos trechos em estrada de terra e quilometragem considerável entre os principais pontos tornam quase obrigatória a contratação de agências especializadas ou guias com veículos 4×4.

    Por outro lado, essa dificuldade de acesso ajuda a manter certo controle natural da quantidade de visitantes, ao menos por enquanto, e leva muitos viajantes a optar por pacotes organizados de 3 a 6 dias, que incluem transporte, hospedagem simples e alimentação.

    Aspectos que costumam surpreender:

  • Os fervedouros, nascentes de água cristalina em que a pessoa flutua sem afundar, têm capacidade limitada de visitantes por horário, o que exige agendamento e contribui para a preservação.
  • Apesar da imagem “selvagem”, há vilarejos com pousadas e restaurantes simples, tornando a experiência menos “radical” do que muita gente imagina.
  • Os melhores períodos para visita costumam ser na estação seca, quando as estradas estão em melhores condições e o calor é intenso, mas mais previsível.
  • Quem busca contato intenso com natureza e não se importa com conforto limitado e muitas horas de estrada tende a considerar o Jalapão um dos pontos altos de viagens pelo interior do país.

    São Miguel do Gostoso (RN): o vizinho mais tranquilo de Natal

    Ao falar do Rio Grande do Norte, a maioria pensa em Natal e Pipa. Nos últimos anos, porém, São Miguel do Gostoso vem ganhando espaço como alternativa mais tranquila, com boas praias e ambiente menos movimentado.

    Localizada a cerca de 100 km de Natal, a cidade atrai especialmente casais, famílias e praticantes de kitesurf e windsurf, graças aos ventos constantes. A via de acesso é asfaltada, e muitos visitantes optam por alugar carro na capital para circular com mais liberdade pela região.

    Entre os fatores que explicam o crescimento do destino:

  • A oferta crescente de pousadas e restaurantes voltados para um público que busca conforto, mas sem a pressão de grandes resorts.
  • Praias amplas e, em geral, menos cheias, o que ajuda quem quer caminhar, pedalar ou simplesmente descansar sem disputa de espaço.
  • Presença crescente em roteiros combinados com Natal, facilitando a inclusão de alguns dias na cidade dentro de viagens já planejadas.
  • Embora ainda mantenha clima de vila de praia, a cidade já sente o impacto do aumento de visitantes em feriados prolongados. Por isso, quem busca sossego costuma preferir ir fora de datas muito concorridas.

    Urubici (SC): a serra catarinense além de São Joaquim

    A serra catarinense há muito é associada a São Joaquim e Urupema, conhecidas pelas baixas temperaturas e eventuais registros de neve. Urubici, porém, vem se destacando por reunir natureza preservada, relevo montanhoso, cânions e infraestrutura turística em expansão.

    Mirantes como o Morro da Igreja, vales, cachoeiras e formações rochosas atraem não apenas quem busca frio, mas também praticantes de trekking, ciclismo e fotografia de paisagem. A cidade também se beneficia da combinação com roteiros de enoturismo na região de São Joaquim e Bom Retiro.

    Aspectos práticos que favorecem o crescimento do destino:

  • Distância relativamente acessível de Florianópolis para quem está de carro, o que permite viagens de fim de semana prolongado.
  • Expansão de pousadas rurais e chalés, que oferecem experiências de campo, lareiras e gastronomia local.
  • Possibilidade de visitação durante todo o ano, com paisagens interessantes mesmo fora do inverno.
  • Um ponto de atenção é o clima: mudanças repentinas de temperatura e neblina densa são comuns, o que exige cuidado ao dirigir, especialmente em trechos de serra com curvas fechadas.

    Pirenópolis (GO): além da fama regional, um polo de escapadas rápidas

    Pirenópolis, ou “Piri”, já é bastante conhecida em Goiás, mas ainda passa despercebida por muitos viajantes de outras regiões. O centro histórico bem preservado, a oferta de cachoeiras no entorno e a relativa proximidade de Brasília e Goiânia ajudam a explicar o aumento do fluxo turístico.

    O crescimento recente não é apenas de volume de visitantes, mas também de diversidade de perfis: de mochileiros a casais que buscam pousadas românticas, passando por famílias e grupos de amigos que aproveitam feriados e festivais culturais.

    Entre os pontos que têm chamado atenção:

  • Calendário de eventos, com destaque para a Festa do Divino e encontros culturais que movimentam a cidade.
  • Boa variedade de restaurantes, incluindo opções que valorizam ingredientes regionais do cerrado.
  • Trilhas e cachoeiras organizadas em propriedades privadas com estrutura básica de recepção, o que facilita o acesso e ajuda no controle de uso.
  • Em finais de semana de alta temporada, o centro histórico pode ficar bastante cheio, o que leva muitos visitantes a priorizar períodos de segunda a quinta para uma experiência mais tranquila.

    Itararé e a Rota dos Cânions Paulista (SP): natureza no estado mais urbano do país

    Quando se fala em ecoturismo em São Paulo, destinos como Brotas costumam surgir primeiro. A região de Itararé e o chamado “Circuito dos Cânions Paulista”, na divisa com o Paraná, ainda é pouco comentada fora de círculos específicos, mas vem ganhando visibilidade entre praticantes de turismo de natureza.

    A área reúne formações rochosas, cânions, cachoeiras e mirantes, com potencial para caminhadas, observação de aves e esportes de aventura. A proximidade relativa com grandes centros paulistas, via estradas em geral em bom estado, facilita o acesso para viagens curtas.

    Fatores que explicam o aumento da procura:

  • Interesse crescente por destinos de natureza dentro do próprio estado, reduzindo deslocamentos longos.
  • Articulação entre municípios para estruturar rotas e oferecer informações mais claras ao visitante.
  • Criação de pequenas pousadas familiares, campings estruturados e oferta de guias locais.
  • Para quem está acostumado a associar o estado de São Paulo apenas a praias e grandes cidades, a paisagem de cânions e paredões rochosos causa surpresa frequente.

    Rio Grande do Norte, Amazonas, Minas… como escolher seu próximo destino “desconhecido”?

    Com um número crescente de destinos regionais despontando, é natural surgir a dúvida: por onde começar? Alguns critérios práticos podem ajudar na escolha, de acordo com o perfil de cada viajante.

    Se a ideia é economizar e evitar deslocamentos longos, uma alternativa é mapear destinos emergentes em um raio de até 300 a 400 km da sua cidade de origem. Isso amplia a possibilidade de viagens de carro, ônibus ou voos curtos, com menos impacto no orçamento.

    Outro ponto é avaliar o tipo de experiência desejada:

  • Natureza de baixa intensidade (caminhadas leves, praias tranquilas, rios calmos): Alter do Chão, São Miguel do Gostoso, Capitólio.
  • Aventura mais intensa (trilhas longas, estrada de terra, estrutura limitada): Jalapão, regiões de cânions em SP.
  • Clima de serra e frio: Urubici e outras cidades da serra catarinense.
  • História, centro urbano preservado e cultura local: Pirenópolis e outros municípios históricos pelo país.
  • Por fim, é importante considerar o grau de estrutura desejado. Destinos em processo de crescimento turístico podem não oferecer a mesma variedade de serviços de grandes cidades litorâneas, mas, em compensação, tendem a ser mais tranquilos, menos caros fora de feriados e com maior contato com moradores locais.

    Planejamento, informação e respeito ao destino

    Explorar destinos pouco conhecidos pode ser uma ótima forma de diversificar o turismo nacional, distribuir renda e reduzir a pressão sobre locais já saturados. Mas esse movimento só é sustentável se for acompanhado de planejamento, tanto por parte do poder público quanto dos próprios viajantes.

    Ao escolher um desses destinos, algumas atitudes ajudam a manter o equilíbrio entre crescimento econômico e preservação:

  • Pesquisar antecipadamente sobre regras locais de visitação, especialmente em áreas naturais (limites de visitantes, necessidade de guias, horários permitidos).
  • Priorizar serviços formais (pousadas, agências, restaurantes legalizados), que em geral seguem normas básicas de segurança e contribuem com impostos para o município.
  • Respeitar trilhas, cercas, áreas de preservação e orientações de moradores e guias.
  • Evitar deixar lixo, ruídos excessivos e comportamentos que impactem a rotina local.
  • O crescimento do turismo em lugares como Jalapão, Alter do Chão, Capitólio e tantos outros mostra que o brasileiro está descobrindo seu próprio território de forma mais ampla. Ao planejar com antecedência, checar informações atualizadas e adotar uma postura responsável, o viajante ajuda a garantir que esses destinos continuem surpreendendo não apenas pela beleza, mas também pela forma como conseguem se desenvolver sem perder suas características essenciais.

    Para quem está disposto a sair do roteiro tradicional, o mapa de opções aumenta a cada ano. A escolha agora passa menos por “o que existe?” e mais por “qual experiência eu quero viver?”. A boa notícia é que, em praticamente todas as regiões do país, já há algum destino emergente pronto para responder a essa pergunta.

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