Quando o assunto é Nordeste, a imagem que vem à cabeça costuma ser bem clara: mar azul, coqueiros, redes na beira da praia e uma água que parece piscina. Mas, na prática, nem toda praia com fama nas redes sociais entrega ao mesmo tempo três pontos importantes para o viajante médio: mar cristalino, boa infraestrutura e preços que não assustam logo na primeira caipirinha.
Neste artigo, reunimos cinco destinos que equilibram esses fatores. São praias com água transparente em boa parte do ano, com oferta razoável de pousadas, bares e passeios, e que ainda permitem montar uma viagem sem estourar o orçamento, especialmente fora de feriados prolongados.
Os valores citados são estimativas com base em pesquisas em plataformas de hospedagem, guias de viagem e relatos recentes de turistas até o segundo semestre de 2024. Como sempre, podem variar bastante conforme época, antecedência e câmbio (no caso de passeios cobrados em dólar para estrangeiros).
Maragogi (AL): o clássico das “Maldivas brasileiras” que ainda cabe no bolso
Maragogi, no litoral norte de Alagoas, já é um velho conhecido de quem busca mar transparente. A fama cresceu muito na última década, mas a cidade ainda consegue atender diferentes perfis de bolso, sobretudo se o viajante topar ficar em pousadas simples e comer fora dos points mais badalados.
O grande diferencial são as Galés, as piscinas naturais a cerca de 6 km da costa, onde a visibilidade da água costuma ser impressionante em dias de maré baixa e tempo firme.
Por que Maragogi entra na lista
- Mar cristalino em vários trechos da orla, não apenas nas piscinas naturais.
- Boa estrutura de hotéis, pousadas, resorts e restaurantes.
- Acesso relativamente fácil, entre Maceió (AL) e Recife (PE), pela AL-101 Norte.
Custos médios (por pessoa, por dia, em baixa ou média temporada)
- Hospedagem simples: a partir de R$ 130–R$ 200 em pousadas menores.
- Hospedagem intermediária: entre R$ 250 e R$ 450.
- Refeição em restaurante médio: R$ 40–R$ 70 por prato individual ou R$ 120–R$ 180 para duas pessoas.
- Passeio de catamarã ou lancha às piscinas naturais: R$ 90–R$ 200 por pessoa, dependendo da embarcação e da época.
Melhor época para encontrar o mar cristalino
De forma geral, entre setembro e março há mais chances de água clara. Junho e julho concentram mais chuvas, o que pode deixar o mar turvo. O horário da maré é crucial para as piscinas naturais: vale consultar a tábua de marés antes de marcar a viagem e buscar dias com maré mínima abaixo de 0,3 m.
Perfil de viajante que mais aproveita
Maragogi funciona bem tanto para famílias (pela estrutura de resorts com sistema all inclusive e kids club) quanto para casais que querem sossego. Para quem viaja com orçamento enxuto, a dica é evitar hotéis de frente para o mar na alta temporada e priorizar pousadas duas ou três ruas para dentro.
Porto de Galinhas (PE): infraestrutura completa e praias de cartão-postal
Porto de Galinhas, em Ipojuca (PE), é uma das praias mais comentadas do país. Não é à toa: o mar pode ficar extremamente transparente, a faixa de areia é ampla em diversos pontos e a vila concentra de tudo um pouco — de hospedagens econômicas a hotéis boutique.
A fama, porém, tem efeito direto nos preços em Réveillon, carnaval e férias de janeiro. Fora desses períodos, ainda é possível montar uma viagem relativamente acessível.
O que se destaca em Porto de Galinhas
- Piscinas naturais próximas da praia central, acessíveis a pé na maré baixa.
- Trechos como Muro Alto, com águas calmas, ideais para famílias com crianças.
- Centro com vida noturna leve, lojas, bares e restaurantes variados.
Faixa de preços
- Pousadas econômicas: R$ 150–R$ 230 a diária para duas pessoas, em baixa temporada.
- Hospedagens intermediárias bem localizadas: R$ 300–R$ 550.
- Refeição em restaurante turístico no centrinho: R$ 45–R$ 80 o prato individual.
- Passeio de jangada às piscinas: em torno de R$ 50–R$ 70 por pessoa.
Como economizar sem abrir mão do mar claro
Uma estratégia é se hospedar um pouco afastado da área mais central e usar transporte por aplicativo ou vans para ir às praias mais disputadas. Outra é viajar entre agosto e novembro, quando o clima costuma ser firme, o mar está em boas condições e a procura é menor do que no verão.
Para quem não quer depender apenas das piscinas naturais, vale explorar também praias vizinhas como Cupe (trechos com recifes formando verdadeiras “banheiras” na maré baixa) e Muro Alto, que costuma ter água bem transparente quando o tempo ajuda.
São Miguel dos Milagres (AL): sossego, mar transparente e pousadas para vários bolsos
Se a ideia é unir mar cristalino com ambiente mais tranquilo, São Miguel dos Milagres e o chamado Roteiro dos Milagres (que inclui ainda Porto de Pedras e Passo de Camaragibe) são opções fortes. A região, na Costa dos Corais de Alagoas, viveu um boom de turismo nos últimos anos, mas ainda mantém uma atmosfera mais rústica do que vizinhos como Maragogi.
Por que Milagres chama atenção
- Longos trechos de praia com mar raso, quente e muito claro, especialmente na maré baixa.
- Estrutura em crescimento: pousadas de charme, mas também hospedagens simples em ruas internas.
- Clima de vila, com menos vendedores ambulantes e som alto na areia.
Preços e cuidados
- Pousadas simples: diárias a partir de R$ 140–R$ 230 em baixa temporada.
- Pousadas de charme à beira-mar: podem passar de R$ 800–R$ 1.500 na alta temporada.
- Passeios às piscinas naturais (de jangada ou lancha): R$ 80–R$ 180 por pessoa.
- Refeições em bares de praia: R$ 40–R$ 70 o prato individual.
Um ponto importante: muitos estabelecimentos da região trabalham com reservas antecipadas e algumas pousadas de alto padrão adotam diárias mínimas em feriados e réveillon. Para quem quer economia, a recomendação é:
- Evitar feriados prolongados e o período entre Natal e início de janeiro.
- Optar por ficar em ruas secundárias, não necessariamente à beira-mar.
- Usar carro (próprio ou alugado) para circular entre as praias e apoiar o deslocamento a mercados e restaurantes menos turísticos.
Melhor época para o mar cristalino
Entre setembro e fevereiro a chance de pegar o mar mais limpo é maior. Como em toda a Costa dos Corais, o fator maré é determinante: com maré muito alta, a força das ondas aumenta e a sensação de “piscina” desaparece.
Praia dos Carneiros (PE): cenário de cartão-postal com opções para diferentes orçamentos
A Praia dos Carneiros, no município de Tamandaré (PE), já ganhou fama em campanhas publicitárias e cerimônias de casamento pé na areia. A igrejinha à beira-mar virou um símbolo, mas o que conquista mesmo quem chega é o tom da água, que vai do azul-claro ao verde-transparente em dias de céu aberto.
O acesso é relativamente simples para quem já está em Porto de Galinhas ou Recife, o que permite incluir Carneiros em um roteiro mais amplo sem encarecer a logística.
Infraestrutura: não é só para quem casa na praia
- Vários beach clubs com estrutura completa (banheiros, duchas, restaurantes, guarda-sóis).
- Opções de day use com consumação mínima, mas também acessos mais simples e baratos.
- Pousadas em Tamandaré e na própria faixa de Carneiros.
Faixa de preços
- Day use em estruturas maiores: geralmente entre R$ 40 e R$ 80 por pessoa, às vezes convertido em consumação.
- Pousadas simples em Tamandaré: R$ 150–R$ 250 a diária.
- Hospedagens pé na areia em Carneiros: a partir de R$ 400, podendo chegar bem mais alto na alta temporada.
- Passeio de catamarã pela orla (com paradas para banho de argila e bancos de areia): em torno de R$ 80–R$ 140 por pessoa.
Quando o mar fica mais cristalino
De setembro a março, o mar tende a ficar mais estável e claro. Na maré baixa, formam-se áreas rasas onde a água parece parada, o que favorece quem viaja com crianças ou não gosta de ondas fortes.
Dica para gastar menos
Uma forma de reduzir custos é se hospedar em Tamandaré, onde as diárias são mais baratas, e usar carro ou mototáxi até os acessos de praias e beach clubs. Outra possibilidade é pesquisar bem os pontos de acesso público, sem obrigatoriedade de day use, especialmente em dias da semana fora de feriados.
Pipa (RN): mar claro em enseadas protegidas e clima de vilarejo internacional
Pipa, no Rio Grande do Norte, ficou conhecida inicialmente pelo público jovem e estrangeiro, mas hoje atende um perfil mais diversificado. A vila é compacta, com ruas estreitas, muitos restaurantes e pousadas, e algumas praias que, em condições favoráveis, exibem mar transparente, principalmente nas enseadas mais protegidas.
Não é todo dia que o mar estará cristalino em Pipa, pois a região também recebe ondulação típica do litoral potiguar. Porém, em períodos de vento mais fraco e maré baixa, pontos como a Praia do Madeiro e trechos da Baía dos Golfinhos revelam águas muito claras e, às vezes, encontros com golfinhos em plena natação.
O que Pipa oferece além do mar
- Rede ampla de pousadas, hostels e hotéis, com grande variação de preço.
- Vida noturna animada, com bares, música ao vivo e restaurantes de diversas cozinhas.
- Possibilidade de combinar praias com passeios de buggy, trilhas e mirantes.
Custos médios
- Hostels e pousadas econômicas: diárias a partir de R$ 80–R$ 160 por pessoa em quarto compartilhado ou simples.
- Pousadas intermediárias próximas ao centrinho: R$ 250–R$ 450 a diária para duas pessoas.
- Refeição em restaurantes da rua principal: R$ 45–R$ 90 o prato individual.
- Passeio de buggy pelo litoral sul (com praias e falésias): R$ 450–R$ 700 o buggy, geralmente até quatro pessoas.
Melhor época e cuidados com a maré
Entre setembro e janeiro, quando a incidência de chuvas diminui, as chances de encontrar o mar mais claro aumentam. Como várias praias de Pipa são acessadas pelas faixas de areia entre falésias, é fundamental observar a tábua de marés para evitar ficar “preso” em algum trecho quando a maré sobe.
Outra dica é alternar os horários de praia: cedo, antes das 9h, a temperatura é mais amena e a luz ressalta o tom de azul do mar, além de reduzir a lotação nas faixas de areia.
Como escolher a melhor praia para o seu perfil e orçamento
Diante dessas cinco opções, como decidir qual encaixa melhor no seu momento de viagem? Alguns critérios objetivos ajudam a comparar:
- Orçamento diário disponível: se a ideia é gastar o mínimo possível, Pipa e Porto de Galinhas costumam ter mais oferta de hospedagem barata em baixa temporada. Maragogi e Milagres pedem mais pesquisa para encontrar boas oportunidades fora da beira-mar.
- Preferência por agito ou sossego: Pipa e Porto de Galinhas têm vilas movimentadas, com vida noturna animada. São Miguel dos Milagres e Carneiros tendem ao descanso, com foco em bares de praia e jantares tranquilos.
- Dependência de transporte: quem não quer alugar carro pode se virar melhor em Pipa e Porto de Galinhas, onde há mais oferta de transporte alternativo, vans e aplicativos. Em Milagres e Carneiros, ter carro facilita bastante.
- Época da viagem: se só é possível viajar em janeiro ou julho, é importante reservar com antecedência e ter expectativa realista sobre preços e lotação. Em meses como março, abril (fora da Semana Santa), agosto ou setembro, é comum encontrar tarifas mais suaves.
Por fim, vale lembrar: o mesmo destino pode parecer caro ou acessível dependendo do quanto o viajante pesquisa e se organiza. Chegar com alguma informação concreta sobre maré, períodos de chuva, transporte e variação de preço entre finais de semana e dias úteis ajuda a montar uma viagem mais confortável — e com mais chances de encontrar aquele mar cristalino que costuma aparecer só no filtro das fotos.